In 1966, the youth movement known as the Red Guards was mobilised in China. Saul Yeung was one of them.
_92207232_gettyimages-3062202Os Guardas Vermelhos, ou filhos de Mao, o Timoneiro, a lerem o Livro Vermelho "É preciso Amar o texto" educação/reeducação fechem as prisões e abram escolas e trabalho comunitário, "anotar o texto"

È preciso Amar a "Liberdade"
*"31 de Maio de 1966"

(...) "juntaram-se no grande aglomerado que se formara em frente da biblioteca. No meio do burburinho geral os oradores improvisados eram acolhidos com aplausos e risos. As propostas entrecruzavam-se acolhidas por gritos de aprovação ou apupos. Liou, trepando para os ombros maciços de Kuang Szou, conseguiu fazer-se ouvir. As palavras do Sr. Maa queimavam-lhe os lábios:
- Cabe-nos a nós ajudar o presidente Mao! Viva o presidente Mao! Abaixo o revisionismo burguês!
Parecia que uma única voz enchia o parque, cercando uma cidadela sitiada o reitor e os professores fechados nos edifícios da administração. Uma porta cedeu e os alunos invadiram a biblioteca. As salas onde só se caminhava com passos silenciosos, as galarias cheias de livros que apenas se podiam consultar, foram invadidas pela vaga dos jovens.
- Os livros são nossos!
Num abrir e fechar de olhos deu.-se uma razia. Uma voz gritou:
-Livros para quê? Para passar nos exames? Já não precisamos de livros.
- Não queremos mais livros.
As capas voaram em pedaços, as páginas arrancadas juncaram o chão, os volumes, aos montes, foram atirados pelas janelas. Alguns protestaram e as discussões degeneraram em batalha. Na confusão geral, ouviu-se um grito:
- Uma fogueira!
Era Huong, o mais determinado em destruir aquilo que para ele simbolizava a personagem do pai. Uma grande fogueira foi feita então, no vestíbulo da biblioteca, no mesmo local onde, todos os anos, os laureados recebiam os seus prémios, e as chamas ergueram-se no meio de uma dança de roda desenfreada.
No meio da fumarada avermelhada que envolvia tudo, Liou viu o retrato de Mao, no lugar de honra, tendo ao lado o de Liu Shao Chi. Correu, atirou ao fogo a efígie do presidente da república e ergueu a imagem venerada de Mao Tsé-Tung, levada a tribunfo pelos camaradas"
O cortejo que se formou
percorreu os principais caminhos do parque, antes de ir dar à reitoria, onde os professores, refugiados e assustados com aquela aurora imprevista de archotes, ouviam os apupos dirigidos ao poder, alternados com aclamações ao presidente Mao. Liou erguido aos ombros dos seus camaradas, fazia grandes gestos com os braços; estava persuadido de ter acabado de iniciar uma nova era na história da China eterna..."
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"Corações Vermelhos"

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