Pouco tempo depois de 2001, aquando de uma viagem em ácido,
Rita tivera uma visão apocalíptica do mundo. Uma manhã acordou turbulenta no
quarto de estudo. O quarto estava cinzento. Silêncio profundo, inquietante …
Surgem figuras de rapazes em banda desenhada (tal como tinha acontecido em
Finisterre, quando viu as vítimas do 11 de Setembro a boiar em B.D., no mar)…
Uma mistura de góticos vestidos de preto e cabelos compridos com o estilo punk.
Diziam-se satânicos e anunciavam a “Boa nova” : havia sido lançada a H Bomb não
se sabia por quem, possivelmente pelos states ou pelo osama bin laden ou outros
…. “Tínhamos sobrevivido”. Convidaram-se a ir procurar humanos sobreviventes
com eles. O seu filho nasceria na estrada. Estes seres “bizarros e criativos”
queriam a Arte no Planeta. Parecia bem à moça!
foto por,
Lisiane Santos
“A arte purifica o inconsciente onde reside o “perigoso”
instinto”
Ela sonhava.
Os amigos construíam. O segredo era imenso. A miúda tinha muita força interior,
complementada por um elevado grau de inteligência e criatividade. No
Liechensteing, onde passou uns dias tinham-na achado genial. Um “pouco
estranha” apenas e tímida! Adorava aquela “enlevação de sentimento”, num misto
de energias puras e belas que por lá vivia. Só existiam amigos. E lobisomens,
claro ou não fosse um espaço que criasse tempos vários mergulhados na
Imaginação! Para Pink tratava-se de um feitiço medieval da Igreja Católica e
assegurava que os lobisomens podiam ler as “frequências cerebrais dos mortais
humanos”. E num instante, recomeçava a falar de rats rats raschmingen. Um
suposto traidor. Inquisidor do padre boff e outros da teoria da Libertação.
Padres da américa latina marxistas leninistas o que para a nossa deusa era um
orgasmo total … e possivelmente, o grande responsável por ter queimado em
fogueiras a Irmandade do Arco-Íris. Ou por ciúmes da jovem heroína, amada por
todos e grávida de um lobisomem, tinha quebrado a ética para o “sistema” do
vaticano?! E assim vivia vidas passadas que num flash fotográfico “momentâneo”;
ou finalmente, “para impedir o reencontro das almas, e o eterno amor entre os
dois deuses e portanto, aniquilar as movimentações para a Revolução”. E era uma
risota total sempre que, em surpresa e paixão dizia que a “Irmandade tinha
crescido com som! “Com música electrónica, sim senhor!!! E já no tempo do
Marshall Macluhan havia DJs. Ele dizia, “os graves atingem o estomago; os
agudos as gengivas e os wah wah nos maxilares”! Será que mais ninguém tinha
lido este livro? Rita fazia imensa pesquisa sobre música, na tentativa de
descobrir uma terapia que desenvolvesse uma percepção sensorial agradável
emotivamente, de forma a levar a mais um passo criativo de vida; até que ponto
o estímulo sensorial pode levar a um Pensamento belo e harmonioso? Agora,
preparava uma entrevista com Dj Vibe, que em Portugal era aclamado como o
pioneiro da música de dança – isto nos anos 80s -, para além de ser um expoente
máximo da “propagação profunda do som” e o neurocientista António Damásio,
autor de o Erro de Descartes. “Ai, o sentir”, berrava ela… ou não fosse ela o
personagem da desconstrução universal. Raramente falava nisso. Pequenos
prazeres tornados segredos e nós não entendíamos porquê. Aquelas energias tão
puras e até regressivas, haviam-lhe despertado ainda mais o “Amor inteligente
universal”.
A DESCONSTRUÇÃO MATEMÁTICA DO UNIVERSO_Todas as manhãs descia a montanha rumo à pequena aldeia, onde
coexistiam núcleos de almas trancey. Uma das vezes, no Wc onde havia a pintura
gigantesca de uma espiral, colorida… Psicadélica. Desconstrui o Universo. A
tragédia podia ter sido grande. Em fragmentos de segundos o seu raciocínio
ordenado e lógico e acelerado, levava tudo até à inexistência, Vida, Deus, Mal
… Era quase como se a abstracção fosse de facto, “o ultimo nivel do
Pensamento”. O caminho seria o da demência? Parou na palavra Sentimento.
E uma
mão amiga de Cosmic Star, mais uma vez em espírito e uma das amigas que tinha
deixado na sala, tocou-a. Toque de vida. Divino. Sagrado. “Salvou-lhe a vida”.
Estava desnuda da cintura para cima. Respirou profundamente. Sorriu. Jonathan
dormia com ela. E durante a noite na mesma cama, transformava-se em lobisomem,
pensava. Sempre que o tentava acariciar, ele, de costas viradas, afastava-a com
brusquidão! E ela amava-o ainda mais, “como um amigo eterno”! Também havia
miniaturas de bonecos com a forma de lobisomens, na casa das montanhas
sagradas. Até que um dia “viu” Raschmingen e as suas tropas, na imaginação. O
paraíso tinha acabado. Começara a contaminação!”
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