“OS ESCOLHIDOS”
Maria encontra-se com Adolfo Luxuria Canibal em Finisterre.
Esperavam um grupo de pessoas “escolhidas”. Pensava, em vão, porque não
conseguia receber quaisquer frequências cerebrais de Rita. Possivelmente,
andava “ausente” e divertida de atitude, “nos seus concertos e raves”, embebida
no Sonho e na embriaguez psicadélica que tanto a caracterizava. “A ideia era
pensar à frente do sistema” diz-lhe Adolfo. Para além de deuses, os artistas
eram de natureza anárquica. Mas, este preâmbulo era secreto. No fundo, a
revolução acontecia num palco e nas ruas. Arte! Apenas! Rita não entendia isso.
Mas, era uma forma de protecção. Autodefesa. Eram o embrião de um movimento,
que na realidade se pretendia revolucionário – mudar – no sentido de fazer
emergir o homem livre, com a consciência divina de Ser e de agir. Real! Arte!
Aí, cabia o processo de “captação e propagação” individual … a percepção
naturalmente elevada e liberta de preconceitos e futilidades … São almas nuas
que apenas querem dançar sob o poder da Lua, à fertilidade do planeta e do
cosmos. A ideia do sistema parecia ser “tornar o mundo pop”, tendo em conta que
o pop é efémero, não cria essência criativa ou eterna, despersonaliza e remete
o individuo para um plano existencial fútil, oco, o abismo do inócuo vazio. A
Cia manipulava, então, mentes humanas, com o lixo que os Estados Unidos
ofereciam às massas ao resto do mundo, ao mesmo tempo que mergulhavam o planeta
em crise total. Económica, social e de valores. A questão seria essa…. Testas
de ferro fora de controlo. Rita também falava de uma bruxa medieval,
compactuante com Rashmingen, agora de inconsciente manipulado. Tinha traído a
Irmandade e a revolução, com a fealdade de sentimento, ao longo dos tempos.
Mulher capaz de nutrir ódio à inteligência; ódio à beleza, ódio ao talento,
imersa num mundo de frustrações. “Rita é Deusa-mãe”, digo eu a Adolfo. “Ama,
mas pretende a liberdade acima de tudo. A sua e a de Liquid Vision. Protege os
amigos e cuida da felicidade dos amorosos. Tem a idade da mãe terra. Adolfo era
uma das pedras chave do processo. Obrigatório a proteger. “parece-me que
teremos que contra-atacar o mais rapidamente possível. Foi aqui, que a miúda
alucinou com as vitimas do 11 de setembro … agora fala do Estado Islâmico e de
todos os que sentem a humilhação e a opressão e a esses, os que não encontram
diálogo com o sistema, é legitma a rebelião, Maria?! É legítimo o recurso ao
uso de armas?”. Chega Sheila…. Eleva as mãos unidas a ambos. Sorri, Desenha um
circulo no ar. “Com que então? Já começaram as conspirações? Quem é esta pobre
coitada que temos andado a aturar, mesquinha de sentimento, para proteger a
Rita? O processo evolutivo estagnou. E ainda há uma canção eterna para acabar.
A música que se tornará a melodia universal que rege os planetas e as estrelas?
A mentira pode ser um bom feitiço em
mundos divinos, que se exigem verdadeiros. A miúda nem sabe o que é a electrónica
e a sua ressonância … Desconhece por completo os nossos segredos. Mas, é
intuitiva, curiosa, inteligente e encontrou na nossa música uma forma de
organizar com maior claridade as imagens neuro cerebrais”. “Sim, de facto. É
verdade” sorri Maria estranhamente. “Mas, também alucina de que com a
electrónica e o processar da batida, complementado por gestos desconstrutivos,
ajudou a descobrir a bomba atómica a Osama talvez…. Por outro lado, pensa que a
vossa música simboliza o equilíbrio do bater do coração e que poderia levar a
estados “alternativos de curas para o organismo. “O melhor é deixá-la andar,
permitir-lhe o conhecimento, enquanto observamos as jogadas da Madame X; vamos
submete-la a um interrogatório com perguntas que podem ir de Marx, a Morrison;
á mitologia à religião e às conversações com o sistema. E talvez descubramos o
veneno da cobra e as suas repercussões, remata Adolfo acendendo um charro que
lhe deu novas cores ao filme. Eles eram Inteligentsia. Porra. Sabiam que eram
um circulo restrito mas leal. Um infiltrado para “vender informações musicais”
equivalia a um potencial candidato a “um balázio nos cornos”. Afinal tratava-se
de proteger a Cultura Dj, quando as pessoas apreendem a libertação sensorial,
ao mesmo tempo que modula uma claridade de mente consciente” O grupo libertário
fundia-se agora com a envolvência e os anéis de luz e a imensidão do mar
provocavam flashes sensoriais, “ a linguagem do corpo”… e clareiras de mente
nos artistas. “tanta luz” “E, se atitude, respeito, confiança e sinceridade com
a música fosse a pedra filosofal deste movimento contagiante que mais não era
do que uma elegia à Vida?! “Finisterre”: o “inicio da criação do Mundo”.
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