"Terminara a apresentação de um novo ano escolar artistico. As notas
diziam que se tratava de uma produção de "um movimento de espírito
livre, inquieto e original, ausente de compromissos com escolas,
partidos e igrejas". As raparigas sorriam, relembrando a nobre missão
que lhes competia enquando "deusas da fantasia" e espíritos da
revolução. No caderno de capa amarela, podia ainda ler-se, a descoberta
do "sentido último e divino do Universo, numa intuição visionária do
real... em diálogo com todas as formas
de experiência, desde a religiosa, à artistica e à política". Sentiam-se
livres, as discipulas. Agora, saiam em gritinhos da Universidade para o
campo de cultivo colectivo ou a "horta mágica" como lhe chamavam.
Corria o mês de Setembro. Ainda havia rasgos de sol. Formavam-se
clareiras, anéis de luz, nas florestas. Levavam consigo "Sete cartas a
um jovem filósofo", em que discipulos de Platão discutiam o mestre, guia
espiritual fundamentalmente. O que forma "espiritos conscientes de si
mesmo; libertos da sua pessoa" e ansiosos por desenvolverem "novos rumos
de Pensamento" e pelo desejo de "não quererem tornar ninguém
semelhantes a si próprio". E como a Liberdade é o bem nuclear, supremo,
"duvida-se que só o comum seja eterno e que não acompanhe uma eternidade
de diferenças". Acima de tudo o Mestre deve fornecer a quem aprende e o
escuta o hábito "do amor ao Pensamento". As moças eram manipuladas pelo
Sensualismo, "de que as sensações equivalem ao Pensar"; a necessidade
de experienciar para entender. E o pensamento discorria puro, atingindo
as raparigas estados telepáticos. Amavam numa identificação de "amor
como salvação e Inteligência". Por isso, se autodenominavam
Guerrilheiras da Paz, pela procura da elevação ao Sublime, quando o
Sentir é perfeição: Imaginar e Amar. Um exercício que praticavam num
permanente fluxo criativo. Faziam colagens com folhas amareladas de
outono, onde escreviam o que o Interior lhes segredava. "A palavra o
frémito da alma" e para os mais altos mentores da aldeia, uma arma de
combate também. No sentido de proteger mundos sagrados e invioláveis. A
desconstrução do Mundo tinha sido feita pela palavra. Tudo é refutável e
reduzido ao Nada. À não existência. Até Deus, essa entidade "ordenadora
e criadora"... Só o Sentimento é indesconstruível.Luana e Iris
aplicavam se num desenho colectivo onde se podia ler em espiral de
letras recortadas: "We are making the world dance. We are exploring
higher levels of counsciousness. Take the Sound trip and feel tha
distortion. Creation! We are the revolution. Love we bring to
Gaia!!"......
http://youtu.be/2d4HjWCkbes
http://youtu.be/2d4HjWCkbes
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